Durante participação na primeira sessão ordinária do ano na Câmara, o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), pediu apoio dos vereadores para aprovação de projetos de interesse da cidade, como o Centraliza, que visa revitalizar o centro de Goiânia e o empréstimo de R$ 710 milhões. Ele também avaliou que a relação sempre entre os poderes foi sempre “amigável” e defendeu que Legislativo e Executivo trabalhem em parceria
“Existem discussões, mas são discussões válidas para soluções de vários problemas na cidade de Goiânia”, disse ao falar com a imprensa.
“Enquanto estive vereador aqui por oito anos, sempre discutimos assuntos da cidade e a casa não muda, a Câmara é responsável por criar as leis pra cidade e eu sou o Executivo que devo cumprir essas leis e executá-las”, acrescentou Cruz.
O chefe do Executivo parabenizou todos os vereadores e citou o presidente Romário Policarpo (PRD) e o líder do prefeito, Anselmo Pereira (MDB). Cruz disse que Anselmo vem fazendo um trabalho importante na casa.
“E este ano não será diferente, mesmo sendo um ano de eleição, um ano de política”, pontuou, referindo-se às eleições municipais de outubro. Ele deve buscar a reeleição.
Rogério Cruz não se mostrou preocupado com movimentação de alguns vereadores no sentido de criarem uma comissão para investigar sua gestão.
“Os vereadores têm todo o poder para criar o que quiserem dentro da casa, desde que haja fundamento legal e que seja no sentido de fazer sempre melhor pra cidade”, argumentou.
Sobre protesto de aprovados em concurso da prefeitura, que estiveram na galeria da Câmara, o gestor afirmou que ainda está no prazo para convocação e que ele precisa obedecer à Lei e Responsabilidade Fiscal, que impõe limite no gasto com pessoal.
“O concurso é válido por dois anos e pode ser renovado por mais de dois”, destacou, citando que chamamento depende da arrecadação do município.
Apesar da intenção do prefeito de manter uma boa relação com a Câmara, Rogério Cruz pode enfrentar turbulências com o Legislativo nos próximos meses, especialmente por se tratar de ano eleitoral. Mesmo não tendo número suficiente para barrar projetos ou obstruir votações, a oposição consegue incomodar o Executivo.
“Eu nunca vi nesses dois mandatos uma recepção tão hostil a um chefe do Executivo por parte dos servidores, alguns colegas parlamentares e, de modo geral, de muitos segmentos da sociedade”, disse o vereador Lucas Kitão (PSD), integrante do grupo Vanguarda, sobre a participação do prefeito na sessão.
O parlamentar acredita que Rogério Cruz começa mal o último ano de governo. E cita crise do lixo, crise na educação na volta às aulas, problemas na drenagem e obras não concluídas, dificuldade para conseguir autorização de um empréstimo de R$ 710 milhões.
“Enfim o momento não é bom e acho que ele tem que trabalhar muito para reverter. Acho inclusive que tanto a Câmara quanto o Executivo nesse momento não deve pensar em campanha eleitoral, a gente tem concluir nossos mandatos, entregar o que tiver em tempo a sociedade e depois partir para esse embate eleitoral porque se a gente antecipar essa discussão pode ser prejudicial pra cidade”, completou Kitão.
O vereador diz ainda que a Câmara repercute o que está acontecendo na cidade, isto é, se a gestão vai mal, as críticas ao prefeito aumentam.
“Por isso eu acho que o foco todo nosso aqui deve ser melhorar o serviço prestado pela prefeitura. Aí se melhorar a vida das pessoa isso vai ser refletido na eleição”, avaliou, citando que a base de apoio do prefeito deverá ser mais cobrada.
“Se até eu, com uma postura mais independente, eu sinto muita cobrança, imagino que os colegas da base devem sentir ainda mais”, frisa.
Na mesma linha, o vereador Paulo Magalhães (União) criticou o prefeito principalmente por pedir empréstimo no último ano de governo. Ele afirma que a gestão não consegue administrar as unidades de saúde e o trânsito está “caótico”.
Já Kleybe Morais (MDB) considera normais as cobranças em relação ao prefeito: “O que está errado tem que ser cobrado, tem que ser fiscalizado e o que tá certo nós precisamos melhorar”.
Para ele, as disputas políticas não devem atrapalhar o andamento da administração.
“Essa questão da base e oposição fica aqui dentro do plenário. A população não quer saber disso, o que a população precisa é que a qualidade de vida dela melhore, que os benefícios, as obras cheguem até as suas casas. Temos que ter responsabilidade e equilíbrio e saber que as divergências políticas partidárias devem ficar aqui”, argumenta.