“Uma visão inspiradora para os líderes e cidadãos de Goiânia, ao realçar a importância do reconhecimento da história e da colaboração mútua na construção de uma cidade mais inclusiva e próspera para todos”. Assim resume a médica e psicoterapeuta Dagmar Ramos, que conduziu uma Constelação Sistêmica Organizacional inédita que trouxe à tona reflexões sobre o passado, o presente e o futuro da capital.
A dinâmica mostrou o Centro vazio, uma cidade afastada de governantes, apontou diálogo como caminho para soluções e uma nova direção pautada no pertencimento, resume Dagmar Ramos, vice-presidente do Centro de Excelência em Constelações Sistêmicas, instituição fundada no Brasil em 22 de fevereiro de 2024 e que tem como presidente a advogada Andréa Vulcanis, procuradora federal e mestre em Direito. A abordagem terapêutica se desenvolve a partir das bases filosóficas do psicoterapeuta alemão Bert Hellinger.
“As Constelações Sistêmicas têm como objetivo, por meio da sua abordagem filosófica e método fenomenológico, apoiar os indivíduos, grupos ou organizações no processo de desenvolvimento pessoal e profissional ou organizacional nas dimensões física, comportamental, emocional, mental, social, espiritual, ambiental e outros”, diz o estatuto da entidade.
A sessão, realizada em 18 de março de 2024, foi solicitada pelo presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Felipe Melazzo, e pelo publicitário, consultor em marketing político, apresentador do Show da Manhã da Jovem Pan FM Goiânia, Marcus Vinicius Queiroz. O consultor organizacional e constelador sistêmico Fabrício Nogueira participou junto com Dagmar Ramos na condução da constelação.
As constelações organizacionais são ferramentas voltadas para o planejamento de ações, no âmbito político, empresarial ou social, e são amplamente reconhecidas por sua eficácia na resolução de desafios complexos. O Infosyon (Fórum Internacional de Constelações Sistêmicas em Organizações) é um organismo internacional que desempenha papel crucial na promoção e desenvolvimento desta abordagem, informa Dagmar Ramos.
O resultado da dinâmica sobre a capital gerou a apresentação feita pela vice-presidente do Centro de Excelência no fórum ‘O Futuro das Cidades – Qual Goiânia queremos?’, promovido pelo publicitário Marcus Vinícius com apoio da Jovem Pan FM no dia 23 de março, no Mezanino do Edifício New World, com presença do presidente da Ademi, Felipe Melazzo.
Durante a sessão de Constelação Sistêmica sobre Goiânia, nove elementos foram selecionados para análise, a partir da avaliação inicial feita por Marcus Vinicius e Felipe Melazzo. Eles são aqui nominados em letras maiúsculas: a própria Cidade, seu Bem-estar, o Pertencimento, a População, os Governantes, o Governador Pedro Ludovico, o Arquiteto Attilio Corrêa Lima, os Índios Goyazes e os Empreendedores.
Durante a sessão, foi discutido o papel do ex-governador Pedro Ludovico como fundador e idealizador da transferência da capital. Attilio Corrêa Lima foi mencionado como o arquiteto contratado para elaborar o plano da nova cidade.
No entanto, posteriormente, Attilio Corrêa Lima foi dispensado das funções, devido à alegação de falta de recursos. Apesar disso, a ideia principal e o plano de Goiânia foram atribuídos a ele. Essa história evidenciou como a constelação permite diagnosticar traumas sistêmicos.
A primeira imagem, a partir do movimento espontâneo e oculto dos representantes, que foram apenas numerados de um a nove, uma visão preocupante emergiu: o Centro vazio e uma Cidade afastada e isolada.
Os Governantes pareciam buscar proximidade com a População, porém, ignoravam a Cidade.
Os Índios Goyazes, que formam a população originária, olhavam para o Centro, mas não se sentiam reconhecidos.
Enquanto isso, o Bem-Estar se afastava do Pertencimento, ambos distantes da Cidade.
O ex-governador Pedro Ludovico mantinha-se próximo à População, enquanto os Empreendedores pareciam focados em si mesmos, e no alto.
O Arquiteto Attilio Corrêa Lima estava próximo dos Empreendedores.
Após a revelação desses elementos, diálogos e movimentos ocorreram.
O representante da Cidade expressou um mal-estar, buscou conexão, especialmente com o Arquiteto Attilio Corrêa Lima.
A População se aproximou dos Empreendedores, em companhia do ex-governador Pedro Ludovico.
Enquanto isso, os Empreendedores passaram a enxergar a Cidade e buscaram se aproximar do Bem-Estar e do Pertencimento.
Os diálogos sugeridos e a movimentação do campo apontaram para uma transformação. “A partir de um princípio de ordem que temos, é preciso considerar o que veio antes, para que o novo possa se posicionar. Então, fizemos diálogos baseados nessas ordens sistêmicas que acreditamos serem verdadeiras e importantes”, informa Dagmar.
A Cidade foi trazida para o Centro, enquanto todos reverenciaram os Goyazes, que reagiram com sensação de bem-estar.
Os Empreendedores, espontaneamente, buscaram conexão com o Bem-Estar e o Pertencimento.
A população dirigiu-se ao Arquiteto Attilio Corrêa Lima, o reverenciou e expressou lamento pelo que aconteceu. Lentamente, o Bem-Estar se aproximou da Cidade e do Centro.
O Pertencimento olhou para a Cidade, mas ainda sem uma conexão plena.
“Constelação histórica”
A vice-presidente do Centro de Excelência Dagmar Ramos destaca a importância dessas vivências sistêmicas para compreender e transformar as dinâmicas sociais e organizacionais da cidade. Essa abordagem oferece uma nova perspectiva para explorar questões complexas e encontrar soluções inovadoras para os desafios urbanos de Goiânia, aponta.
Médica e psicoterapeuta com especialização em Medicina Preventiva e Social, em Psiquiatra, Homeopatia e em Constelações Sistêmicas Familiares e Organizacionais, Dagmar Ramos compartilhou suas impressões após coordenar a constelação que ofereceu insights valiosos sobre os desafios e oportunidades enfrentados por Goiânia. Ela refletiu sobre a natureza singular da experiência e os caminhos revelados para o futuro da capital.
“É uma constelação histórica, acho que a primeira desse plano local”, disse Dagmar Ramos, ao ressaltar a novidade e a relevância do evento para a comunidade. Ela destacou a experiência anterior como facilitadora de constelações mais amplas, que envolvem economia, política e organização, mas enfatizou o caráter inédito dessa abordagem específica focada na cidade de Goiânia.
Dagmar Ramos expressou a importância das constelações políticas, e citou exemplos passados em que as dinâmicas reveladas se mostraram proféticas em relação aos acontecimentos subsequentes.
Na constelação de Goiânia, ela observou elementos essenciais que emergiram, como uma nova direção pautada no pertencimento, no bem-estar social e em melhorias para a cidade como um todo.
Ao descrever os momentos marcantes da constelação, a vice-presidente do Centro de Excelência destacou a transformação gradual na dinâmica representada pelos participantes. O reconhecimento da importância dos índios Goyazes na história da cidade trouxe uma sensação de pertencimento e reverência, enquanto a conexão entre a população e o legado de Pedro Ludovico revelou uma força renovada.
Ela também ressaltou a mudança de postura do empreendedorismo, inicialmente focado em interesses próprios e distante do bem-estar da cidade, para uma visão mais colaborativa e integrada.
“Eu acho que é uma constelação que faz um diagnóstico muito interessante, a meu ver preciso, mas ela aponta também para caminhos de solução”, destaca Dagmar Ramos, ao reforçar a relevância dessas reflexões para orientar ações futuras e promover o desenvolvimento sustentável e harmonioso de Goiânia.
Diálogo fundamental
O presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Felipe Melazzo, compartilhou impressões após participar pela primeira vez de uma dinâmica de Constelação Sistêmica Organizacional, focada na cidade de Goiânia. Ele expressou surpresa e gratidão pela experiência única proporcionada pela abordagem.
“Primeiro, eu nunca tinha participado de uma dinâmica dessa, uma constelação. Fiquei muito surpreso com o que aconteceu”, diz Felipe Melazzo. Ele ressaltou a clareza dos elementos trazidos durante a sessão, destacou a importância de se viver a história da cidade, pedir desculpas e reconhecer as origens como caminho para uma conexão mais profunda entre os diferentes setores da sociedade.
Felipe Melazzo enfatiza que, para alcançar uma cidade melhor, o diálogo é fundamental.
Ele cita a necessidade de compreender as dores de cada setor, reconhecer os equívocos do passado e buscar a reconciliação. “A cidade melhor passa pelo diálogo com todos esses entes, e compreendendo as dores de cada um, aquilo que pode ser melhorado”, pontua.
Questionado sobre o papel do empreendedorismo nesse contexto, Melazzo destacou que a dinâmica da constelação já gerou percepções que influenciarão as futuras ações da Ademi-GO. Ele ressaltou a importância de criar iniciativas que promovam a conexão entre o empreendedorismo, a cidade, os órgãos governamentais e a população em geral.
“Com certeza, já é uma percepção nossa, e isso que me deixou muito surpreso. Estamos vindo com algumas ações que vão fazer essa conexão do empreendedorismo com a cidade, com os órgãos governamentais e a população de forma geral”, concluiu Melazzo.
Ambiente novo
Publicitário e consultor em marketing político, Marcus Vinicius Queiroz compartilhou reflexões após participar da Constelação Sistêmica Organizacional centrada na cidade de Goiânia.
“O que vem no meu coração é que sim, as pessoas que querem o bem da cidade e que não estão necessariamente no centro das instituições, do poder, elas podem estabelecer um tipo de conexão para criar um ambiente novo”, afirma Queiroz ao destacar a importância do engajamento comunitário na construção de uma cidade mais inclusiva e vibrante.
Ao olhar para a história de Goiânia, Marcus Vinicius Queiroz ressaltou a essência visionária que deu origem à cidade, um lugar construído a partir de sonhos e idealismo. No entanto, ele lamentou que, ao longo dos anos, a cidade tenha perdido parte de sua identidade e se concentrado mais na aparência do que em valores fundamentais.
O publicitário enfatiza a necessidade de resgatar esses valores perdidos e reconectar-se com a essência da cidade, com propósito coletivo que transcenda o mero planejamento no curto prazo. Ele destaca espaços emblemáticos, como o Lago das Rosas e a Praça Cívica, locais de memória afetiva que merecem ser preservados e valorizados.
Queiroz aponta para a necessidade de uma gestão mais equilibrada e participativa que envolva não apenas líderes políticos, mas também a população em geral. Ele expressa confiança de que, por meio do diálogo e do engajamento comunitário, Goiânia possa alcançar todo o seu potencial como uma cidade vibrante, inclusiva e verdadeiramente acolhedora para todos os habitantes.