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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A CPI das Apostas Esportivas do Senado aprovou nesta quarta-feira (17) o convite para os presidentes do Botafogo, Palmeiras e São Paulo prestarem depoimento.
John Textor, dono da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) que comanda o Botafogo, deve ser o primeiro a falar aos senadores em audiência convocada para a próxima segunda-feira (22). Os demais dirigentes ainda não têm data para depor.
O cartola do time carioca entrou na mira da comissão após fazer acusações, sem apresentar provas, de manipulação em partida entre Palmeiras e São Paulo no Campeonato Brasileiro de 2023.
O jogo terminou em goleada de 5 a 0 do Palmeiras. A partida foi disputada na reta final do campeonato, quando o clube paulista iniciou uma disparada rumo ao título mesmo com o Botafogo com grande vantagem na tabela.
“O jogo entre Palmeiras e São Paulo em outubro de 2023 foi, de acordo com especialistas de inteligência artificial, manipulado por pelo menos cinco jogadores do São Paulo”, disse o empresário em nota divulgada no início de abril.
“Sete jogadores mostraram desvios anormais em situações cruciais de gols, mas apenas cinco ultrapassaram limites que deixam clara e convincente a manipulação.”
O presidente da CPI das Apostas Esportivas, senador Jorge Kajuru (PSB-GO), disse que Textor será recebido para apresentar as provas das acusações que fez.
“Se tem uma [pessoa] que nós temos certeza que tem bala na agulha, que ele não seria irresponsável de fazer tantas denúncias gravíssimas envolvendo times da série A, como o Palmeiras e o São Paulo, e tomara que aqui na CPI ele apresente o que ainda não apresentou. Eu me refiro ao respeitoso CEO do Botafogo, o senhor John Textor”, afirmou após a aprovação do requerimento.
A cúpula da comissão decidiu adotar como procedimento a aprovação de convites para os depoimentos. Caso o convidado não compareça, os senadores devem fazer convocações das testemunhas ou investigados.
O relator da CPI, senador Romário (PL-RJ), disse que Textor será o primeiro a depor na CPI porque, acredita, o dirigente não levantaria graves acusações, sem provas, para “fazer graça”.
“Se é verdade ou se é mentira que ele tem documentos [sobre fraudes na série A do Campeonato Brasileiro], vamos trazer o cara aqui para dizer. O cara não pode jogar uma conversa fora dessas para simplesmente fazer graça para o público”, contou Romário em entrevista à Folha.
A CPI das Apostas Esportivas realizou nesta quarta sua primeira reunião, com a aprovação de requerimentos e do plano de trabalho de Romário para os 180 dias de investigação.
Em um dos requerimentos, os senadores pediram à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) o levantamento realizado pela empresa SportRadar que identificou suspeita de manipulação em 109 partidas de futebol realizadas no Brasil em 2023.
O relatório da empresa, com sede na Suíça, foi o principal motivo para a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito. Senadores, porém, ainda não conhecem a metodologia aplicada pela empresa, que usa inteligência artificial para identificar partidas suspeitas de irregularidades.