(Folhapress) O anúncio da morte na prisão de Alexei Navalny gerou uma onda de repercussões, previsivelmente intensa entre os que, assim como ativista, são críticos do governo de Vladimir Putin na Rússia.
Uma das mais fortes reações veio do jornalista Dmitri Muratov, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 2021 pelo seu trabalho à frente do jornal independente Novaia Gazeta, que acabou fechado na Rússia após a implementação de leis repressivas acerca do noticiário da Guerra da Ucrânia.
À agência Reuters, Muratov disse que Navalny foi “assassinado” devido às condições precárias de seu encarceramento. Outro famoso opositor de Putin, o empresário Mikhail Khodorkovski, disse do exílio que o presidente é o “responsável” pela morte. O jornalista foi classificado como “agente estrangeiro” pelo governo no ano passado, o que limita suas condições de trabalho.
A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, que está em Munique participando de uma conferência de segurança, disse que, se confirmada, a morte é responsabilidade de Putin. “Vamos ser claros: a Rússia é a responsável”, disse.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, encontrou-se em Munique, onde acompanha Harris, com a viúva de Navalny, Iulia. Ele disse a ela que considera o Estado russo culpado pela morte do marido. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que os EUA deveriam esperar a análise forense da morte antes de se pronunciar.
Para o presidente francês, Emmanuel Macron, a morte causou “raiva e indignação”. “Na Rússia de hoje, espíritos livre são colocados no Gulag e condenados à morte”, afirmou.
Já o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, que não morria de amores por Navalny dadas as posições anteriores do ativista sobre a soberania russa na Crimeia anexada, disse que “é óbvio que ele foi assassinado por Putin”.
O primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, foi ao X escrever que Navalny defendeu “a democracia e a liberdade na Rússia, e aparentemente pagou com sua vida pela coragem”. O premiê britânico, Rishi Sunak, chamou o anúncio de “notícia terrível”.
A chanceler frances, Stéphane Sejourne, escrveu no X que “Navalny pagou com sua vida pela resistência a um sistema de opressão” e que “sua morte nos lembra da realidade do regime de Valdimir Putin”. Seu colega sueco, Tobias Billström, escreveu que “a brutalidade contra Navalny nos mostra de novo por que é necessário continuar lugar contra o autoritarismo”.
O secretário-geral da Otan (aliança militar do Ocidente), o norueguês Jens Stoltenberg, disse que estava “profundamente entristecido e perturbado” pela morte. “Temos de estabelecer todos os fatos, e a Rússia tem de responder a todas as sérias questões acerca das circunstâncias de sua morte”, afirmou.
Do lado putinista, o Kremlin relatou que o presidente foi informado da morte e o Ministério das Relações Exteriores, dizendo que “a morte de uma pessoa é sempre uma tragédia”, criticou a posição americana no caso. Depois, o porta-voz de Putin, Dmitri Peskov, afirmou que as ilações ocidentais eram “inaceitáveis”.
Já o presidente da Duma (Câmara dos Deputados russa), Viacheslav Volodin, publicou uma nota no Telegram dizendo que “Washington e Bruxelas são as culpadas pela morte de Navalny” porque se opõem à Rússia, sem explicar o que tentava dizer.